15 outubro 2005

Gravata de braguilha exposta


Quando estudei na Faculdade de Letras, ali no Campo Grande, era hábito tomar-se café e sobretudo, coisa fundamental, jogar matrecos, nos cafés da ruazinha do Colégio Moderno, descendo do lado de Direito pelo carreirinho rural ladeado de árvores que na época, dava acesso à artéria empedrada.

Sobre as horas do início da manhã e do final da tarde, em que se acumulavam os últimos modelos de automóveis familiares, estacionados em segunda e terceira fila nesse arruamento, era apregoada de boca em boca a perigosidade do caminho campestre. Era a história da rapariga de Direito a quem tinham rasgado o vestido e que voltou em cuecas e soutien para dentro da escola em busca de auxílio. Eram os milhentos relatos do gajo engravatado, todo ele fatinho engomado, com o material fora da braguilha, a acariciá-lo em garrote de dedos, tecendo-lhe amplos elogios, numa entoação mais ou menos saltitante, à passagem de estudantes do sexo feminino.

E claro Sãozinha que sendo eu também filha de Deus, um dia me calhou a vez de assistir ao vivo à representação. Mal entrei no carreiro vi o marmelo em fato cinzento, encostado à última árvore antes da descida. Um arrepio a descer a espinha abrandou-me os passos. Em fracções de segundo passa-nos tudo pela testa. Que raio havia de fazer?... E se o gajo me agarrasse?... Passar como se nada visse com os olhos postos no chão e os ouvidos tamponados a seriedade?... Dar-lhe uma joelhada à altura do seu mais-que-tudo?... Completamente baralhada continuei a andar automaticamente na direcção do exibicionista. Já muito perto dele ouvi-o distintamente recomendar-me que olhasse o seu avantajado e monumental membro. Segui o conselho e pousei as vistas no seu penisinho, pouco maior que os Definitivos que eu fumava na altura e depois, olhos nos olhos, escapuliu-se-me da boca um «Já vi maior!... E aquele miúdo que está ali em baixo a olhar para nós não é seu filho?». Ele imediatamente desviou a atenção para lá enquanto o sexo lhe caía da mão e eu desatei a correr por ali abaixo para só parar na primeira cadeira livre do primeiro café de matraquilhos, a sentar a respiração ofegante.

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